Olá, Almanavegantes!

Gostaria de expor aqui minhas impressões subjetivas sobre a cultura pop libanesa.

A cultura libanesa e as culturas árabes são mais herméticas que as ocidentais. Não há tantas incorporações culturais estadunidenses ou europeias, exceto aquelas relacionadas a roupas da moda (sempre adaptadas ao que o árabe está disposto a ver e consumir) bens materiais de consumo, como aparelhos tecnológicos de uso individual, que chegam lá antes do Brasil, já que a economia do Líbano é baseada em serviços (a indústria nunca se desenvolveu devido à sucessão de conflitos internos e externos), e já que que o Líbano é deficitário em termos de exportação e importação, e depende da compra de produtos estrangeiros, não fazendo sentido portanto adotar medidas protecionistas – grata pelas contribuições, Ygor.

Os canais de TV raramente exibem músicas que não sejam libanesas ou árabes, e programas como The Voice, Star Academy e Arabs Have Talent são compartilhados entre todos os países árabes.

Como mostrei no grupo do Almanack no Facebook, no programa The Voice Kids, cujo júri é constituído pelos cantores Kadim El Saher (iraquiano), Nancy Ajram (libanesa) e Tamer Hosny (egípcio), todos eles muito famosos no mundo árabe, a jovem participante síria Ghena Bo Hemdan comoveu a audiência de The Voice Kids e viralizou na internet. A menina de sete anos emocionou o júri cantando “3atouna el Tafoule” (dêem-nos a infância), música que ficou famosa durante a Guerra Civil na voz da então criança libanesa Remi Bandale. Os libaneses são particularmente tocados por estas questões porque em toda aldeia e bairro há famílias que perderam entes queridos e infâncias por causa da guerra.

Na TV são também frequentemente exibidas produções locais, incluindo novelas de época sobre o período em que o Líbano estava sob domínio otomano, novelas turcas dubladas na Síria e re-importadas, programas de culinária, programas com casos de família a serem resolvidos e até conselhos astrológicos (sim, é igual o horóscopo daqui). Em 2009, a novela brasileira “O Clone” foi transmitida lá, também dublada, com o nome da protagonista, Jade.

Ao contrário da mídia mainstream ocidental, no Líbano há sempre muitos músicos árabes simultaneamente famosos. Em uma mesma festa é possível ouvir na sequência tanto antigas estrelas como George Wassouf, que ainda aparece na grande mídia, como os cantores contemporâneos de músicas para dabke e pop como Feres Karam, Najwa Karam, Haifa Wehbe, Ragheb Aleime, Elissa e Ramy Ayash.

Abaixo, o clipe da sensacional Hanine, violinista libanesa que incorporou a suas performances elementos de dança e efeitos especiais cênicos.

Quem quiser acompanhar a televisão libanesa pode fazê-lo gratuitamente através de aplicativos como o do canal MTV (que não é a MTV americana), disponível para Android e coisas Apple.

Abraços e até a próxima aventura cultural!
Rebeca

Cultura Pop Libanesa by Rebeca Bayeh is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License.